O Brasil é menos polarizado do que se imagina. Apesar de parecer que a sociedade brasileira está dividida politicamente em duas frentes — petistas e bolsonaristas —, essa disputa vem de minorias ativas que, juntas, representam menos de 40% da população — metade para cada lado. Os outros 60% são brasileiros que não participam da discussão política, sendo invisíveis e sem voz diante do barulho provocado pelos extremos. No debate político, eles desaparecem — mesmo sendo a maioria da população.
Essa percepção vem de uma pesquisa com mais de 10 mil pessoas, conduzida pelo professor de Políticas Públicas da EACH-USP, Pablo Ortellado, diretor-executivo da More in Common Brasil, organização internacional que realiza estudos e orientação política.
Na Roda de Conversa do Derrubando Muros, realizada na terça-feira, 20, Ortellado apresentou os primeiros resultados da pesquisa, revelando o perfil e o posicionamento dos “invisíveis” na polarização atual.
Os dados mostram que há um padrão que se repete nos mais variados temas: os extremos têm opiniões radicalmente opostas, enquanto a maioria “invisível” se agrupa em posições intermediárias. Dependendo da abordagem, chega a haver consenso entre grupos com visões opostas. Ainda assim, a hostilidade entre eles persiste. Esse comportamento faz com que as pessoas se relacionem cada vez mais com quem pensa igual, o que reduz a diversidade, aumenta a intolerância e pode levar a conflitos mais graves — como a violência política. Por isso, é urgente buscar caminhos para diminuir a influência das polarizações extremas.
No encontro organizado pelo Derrubando Muros, em que Pablo Ortellado compartilhou os principais achados da pesquisa, participaram integrantes do coletivo, como o economista Armínio Fraga, a presidente do Instituto Humanitas360 Patrícia Villela Marino e o político Roberto Freire, além de convidados como a cientista política Lourdes Sola e o jornalista Alfredo Fedrizzi.
Todos consideraram os dados revelados pela pesquisa fundamentais para a compreensão do cenário político brasileiro e para a elaboração de estratégias com vistas ao pleito presidencial de 2026.
Em breve, o vídeo completo do encontro estará disponível por aqui.