O que acontece nos bastidores de uma corrida à Casa Branca? Como são planejadas e organizadas as campanhas que moldam o futuro político dos Estados Unidos? Em mais uma edição da Roda de Conversas do Derrubando Muros, o estrategista político e membro do coletivo Fernando Brigidi de Mello compartilhou detalhes de sua experiência na política norte-americana e dos bastidores da campanha presidencial de 2024.
Natural de Porto Alegre, Fernando trabalhou por uma década na política brasileira antes de se mudar para os EUA, onde concluiu mestrado em Gestão Pública pela Universidade de Nova York (NYU).
Em 2019, retomou sua atuação política e, mais recentemente, participou ativamente da campanha relâmpago de Kamala Harris, iniciada após a desistência de Joe Biden. “O vice-presidente é a quinta roda do carro, fica lá no porta-malas, o step”, brincou, ao explicar o desafio de transformar o papel secundário do cargo em uma plataforma nacional de conexão com o público.
Ele destacou o papel central da análise de dados e da disciplina na execução da campanha, que conseguiu mobilizar multidões e arrecadar mais de US$ 1 bilhão, mas acabou derrotada por uma margem pequena nas urnas. “A equipe de dados estava na mesa no mesmo nível que o diretor político. Tudo o que a gente ia decidir passava por dados”, afirmou.
Entre as reflexões críticas, chamou a atenção para a dificuldade dos democratas em se comunicar com a população sobre a economia. “As pessoas reclamavam da inflação e a gente respondia com o PIB. Ficava uma conversa de surdos, a gente falava, mas não ouviam”, observou. Para ele, é preciso ousar mais nas estratégias e na linguagem. “Temos que ser radicais nas táticas, na fala e nas palavras.”
Brigidi também apresentou o movimento ‘No Kings’, que vem inspirando debates e já promoveu mais de 2.600 eventos simultâneos com a participação de 7 milhões de pessoas em diversos países contra a escalada autoritária nos Estados Unidos. O movimento propõe unir diferentes vozes progressistas para fortalecer as instituições democráticas.
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