Derrubar Muros é reforçar as pontes da democracia

Derrubar Muros é reforçar as pontes da democracia

O Brasil sofreu neste domingo, 8 de janeiro, uma tentativa de golpe de Estado meticulosamente organizada e posta em prática com violência ímpar. Uma horda de baderneiros expôs nosso país ao mundo como se, aqui, a democracia fosse mambembe. 

Pois erraram ao subestimá-la.

Um grupete de siderados, por quatro anos atiçados pelo ex-presidente, não instabilizará o Brasil. Agora é a hora de a democracia mostrar suas armas. A lei. Os responsáveis precisam ser identificados e punidos. 

Neste momento, o que menos conta são os custos materiais. O que necessita de reparo imediato é o custo político, institucional e simbólico.

Por isso, perguntamos e sugerimos:

Por que o GDF não cumpriu com sua obrigação de preservar a ordem quando as evidências de ameaças eram claras? O Governador do DF precisa responder por sua irresponsabilidade. Irresponsabilidade seletiva, deve se registrar. Afinal, a massa de desordeiros era composta por brancos bem nutridos. Como tratariam se fossem favelados reivindicando melhores condições de vida? Ou negros e indígenas reclamando a reparação de direitos?

Ao mesmo tempo, é importante registrar que os atuais ocupantes do governo federal, depois de uma longa transição, não deveriam estar mais no módulo de campanha eleitoral. Dezenas de observadores da articulação da extrema direita estavam informando que a ebulição dos grupos terroristas se acentuou pós eleição. Como as autoridades da Defesa, a Abin e a Polícia Federal não se anteciparam aos fatos assistidos hoje? Como não informaram ao Presidente da República que se encontrava em um roteiro dissociado do drama e dos riscos da situação, no interior de São Paulo?

A agressão cometida contra a democracia repercutiu no mundo e precisa de uma resposta condizente e proporcional. Uma CPI pode ser um caminho que dê tempo e ferramentas para o escrutínio, detalhando tudo que diz respeito à erupção terrorista. Quem organizou? Quem financiou? Quem comandou? Quem apoiou? São algumas das perguntas que precisam de respostas para retomarmos a normalidade democrática.

Parte da conspiração extremista, é sabido, acontece no submundo das redes sociais. Se o Governo não entende ou não consegue monitorar os riscos, criados e amplificados nas redes, aos quais está exposta toda sociedade, deve ter a sensatez de pedir ajuda. Muitos observadores vinham alertando há semanas para o que se articulava e acabou eclodindo neste domingo. Há centenas de estudiosos e muitas instituições com tal capacidade. O Governo precisa saber como obter essa colaboração.

Para concluir, em nome de nossa iniciativa, o Derrubando Muros, mas em larga medida em nomes dos democratas, declaramos que não aceitamos o clima de chantagem fascista promovido pelo ex-presidente e seu séquito doentio. Democracia, eles precisam aprender pela palavra ou pela força da lei, não é um regime de fracos. Democracia é ordem e respeito à lei e às instituições. Os eleitos democraticamente não têm a opção de protegê-la, essa é uma obrigação que lhes cabe, inarredavelmente.

E é isso que esperamos dos atuais governantes.

Assinam representando o Derrubando Muros:

Abilio Baeta Neves
Adalberto Luis Val
Adalberto Val
Alessandra Petraglia
Ana Toni
Andre Neves
Andréa Aguiar Azevedo
Andrea Gouvêa Vieira
Armínio Fraga
Benjamin Sicsu
Bia Saldanha
Carlos Alberto de Melo
Carlos Henrique de Carvalho
Christian Kieling
Christian Lynch
Claudinei Biazoli
Daniel Pinheiro
David Zylbersztajn
Eduardo Wurzmann
Estêvão Ciavatta
Fabio Alperowitch
Fernando Abrucio
Fernando Lottenberg
Fersen Lambranho
Flávio Bartmann
Helena Backes
Hélio Santos
Horácio Lafer Piva
Hussein Kalout
Ilona Szabó
Israel Gottschalk
Jerson Kelman
Joana Monteiro
João Alziro Jornada
José Cesar “Zeca” Martins
José Pedro Goulart
Jose Pedro Goulart
Josivaldo da costa dantas
Juan Carlos Castillo-Rubio
Juliano Assunção
Luana Genot
Lucia Hauptman
Luiz Barroso
Marcello Brito
Marcelo Madureira

Marcelo Trindade
Márcio Fortes
Marco Menezes
Marcus Barão
Marisa Moreira Salles
Marluce Dias
Marta Arretche
Matheus Drummond
Maurício Moura
Maurício Rands
Mauricio Vianna
Mauro Dorfman
Mauro Dutra
Melina Risso
Michele Prado
Milton Seligman
Natalie Unterstell
Olavo Nogueira Filho
Orlando Thomé
Patricia Marino
Pedro Dória
Pedro Hallal
Philip Yang
Priscila Cruz
Rafael Parente
Renata Piazzon
Ricardo Piquet
Ricardo Rangel
Roberto Alvarez
Roberto Freire
Roberto Waack
Robson Capasso
Rodrigo Tavares
Rogerio Studart
Rosana Seligman
Samuel Pessoa
Sérgio Besserman
Sergio Fausto
Silvio Meira
Tasso Azevedo
Thais Kornin
Tomas Alvim
Vitor Knijnik
William Ortiz
Yacoff Sarkovas

Assinam representando a sociedade civil:

Alberto Chebabo
Alberto Mussa
Aron Belinky
Bia Junqueira
Bruno S. L. Cunha
Clovis Ricardo Schrappe Borges
Concepta M Pimentel
Eduardo de Souza Martins
Eliane Lustosa
Gisele Huf
Ilda Santiago
João Paulo Pacifico
José Álvaro Moisés
José Carlos Pedreira de Freitas
Jose Panza Juniot
Juçara Maria dos Santos
Karin Lehto Panza
Katri Lehto
Lina Wurzmann
Lizete Dickstein
Lourdes Sola
Luciana Leite Garcia Portinho
Luciana Villa Nova

Luis Fernando Laranja Da Fonseca
Marcelo Halberg
Marco Aurelio Nogueira
Marcus Miranda
Maria Marta Camargo
Mauro Lipman
Mauro Marcondes Rodrigues
Nicolau Elias Calfat
Paula Ficher
Paulo Baia
Pedro de Camargo Neto
Pedro Wilson Leitão Filho
Rachel Lima Penariol Zebulun Ades
Renata Coda
Robert Juenemann
Roberto Pedote
Roberto Percinoto
Rosa Maria M. Goncalves
Rossi
Sandro Marques
Sidnei Paciornik
Silvia Faria
Suzana Padua

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