Vivemos um momento em que a desesperança se espalhou até se tornar algo corrente. Passamos a desacreditar no futuro do país e a acompanhar a erosão das instituições das quais dependem o estado democrático de direito. Pouco a pouco, foram erguidos muros quase intransponíveis à nossa volta, a partir de divisões políticas e sociais. O diálogo entre diferentes se tornou distante.

Em 2019, como resposta a esta sensação de desesperança, tendo como norte a defesa da democracia e a contribuição para o debate público, criamos um grupo plural, disposto a romper essas barreiras e a construir pontes a partir de propostas que possam levar o Brasil rumo a um futuro mais generoso. Não somos um partido político. Não temos preferências personalistas nem agendas ocultas. Nosso único objetivo é ajudar a desentortar o país.

Realizamos centenas de encontros, painéis e rodas de conversa entre acadêmicos, ativistas de ponta, cientistas, comunicadores, líderes empresariais e políticos de diversas vertentes. Dessas conversas, surgiram propostas concretas para a construção de um país mais justo, inclusivo, plural, pacífico e conciliado com o progresso mundial, em equilíbrio com o meio ambiente.

Um país não se faz sem boas ideias, mas também carece de alguém que as coloque em prática. Entendemos que é nosso papel, como membros de uma sociedade civil atuante, elaborar análises setoriais e apresentar opções de políticas públicas viáveis. Nossa Agenda Inadiável traz um diagnóstico sobre temas prioritários e as propostas que entendemos necessárias para produzir mudanças profundas no país.

Sabemos das lacunas. Como exemplo, não nos sentimos legítimos ainda para apresentar um projeto de equidade racial. Estamos empenhados para corrigir essa grave limitação, que não é apenas nossa, mas da própria estrutura social brasileira que condena negros e indígenas a uma condição opressiva de vulnerabilidade. Por isto, consideramos o documento um organismo vivo, aberto a contribuições qualificadas que aprimorem e ampliem seus temas, gerando atualizações e novas edições.

Dá para fazer. Temos quem pensa e, também, quem sabe como transformar ideias em ação, rompendo o imobilismo que tem nos afetado. Juntos, conseguiremos derrubar os muros que estão ao nosso redor para, enfim, seguir adiante.