Quem controla a conduta da mais alta Corte do país? Em mais uma edição da Roda de Conversa do Derrubando Muros, realizada na última segunda-feira (15), juristas, acadêmicos e representantes da sociedade civil se reuniram para discutir a crise de credibilidade do Judiciário e a urgência da criação de um Código de Ética para o Supremo Tribunal Federal (STF) e demais cortes superiores.
Convidado do encontro, o professor de Direito da USP Conrado Hübner Mendes foi incisivo ao analisar não apenas as decisões, mas o comportamento institucional dos ministros. Para ele, a ética em Cortes Constitucionais ainda é pouco debatida, e o problema central não é apenas ser imparcial, mas parecer imparcial. Cético em relação à autorregulação, lembrou a resistência histórica do próprio STF a se submeter a mecanismos de controle.
Na mesma linha crítica, o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior descreveu Brasília como um ambiente marcado pela influência, em que o acesso a gabinetes frequentemente se sobrepõe ao fazer jurídico.
Já a professora de Administração Pública e Governo da FGV Gabriela Lotta chamou atenção para o impacto democrático da queda de confiança no Judiciário. Segundo ela, a pressão pública crescente e o debate sobre supersalários abrem uma janela concreta de oportunidade para mudanças institucionais.
O encontro terminou com a sinalização de que o debate pode avançar além do diagnóstico, com a proposta de transformar a crítica em ação organizada da sociedade civil.